quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Palestra de Marcos Magalhães

No segundo dia do seminário “Inova: Educação e Tecnologia como propulsoras da economia: perspectivas, desafios e oportunidades para o desenvolvimento econômico”, o tema central de discussão foi a nova economia de Pernambuco e a qualificação profissional. No auditório do Hotel Recife Palace, em Boa viagem, durante todo dia, estudantes e representantes de instituições de ensino, terceiro setor, empresas privadas e sociedade civil estiveram reunidos para discutir a questão da educação dos jovens, aliada a tecnologia, como alicerce para a mão-de-obra qualificada e desenvolvimento do país. A programação contou com palestras e mesas de discussões.


O evento teve início às 9h, com a palestra de Marcos Magalhães, presidente do ICE (Instituto de Co-Responsabilidade de Ensino) e do conselho da Philips, que falou sobre as ações e iniciativas do setor privado na melhoria da capacitação profissional. “Não existe crescimento econômico sem desenvolvimento tecnológico. E tecnologia significa conhecimento, e conhecimento vem da educação”, disse o presidente do ICE acrescentando, em seguida, que os países que mais investem em educação são os mais competitivos. “E nós não temos uma população educada, letrada. O Brasil tem apenas 1/3 da população na escola e poucos alunos nas universidades. A conseqüência disso pode ser observada na baixa qualidade profissional, baixa produtividade, consumidor pouco exigente”, disse Marcos.


O palestrante prosseguiu falando sobre o grande desafio do Brasil: “Somos o 10º PIB do mundo e o 69º país em IDH, ou seja, não conseguimos distribuir adequadamente a riqueza do país. Precisamos transformar o crescimento econômico em equidade social. E o mundo ainda não encontrou outro caminho de equilíbrio social sem ser pela educação”. Marcos Magalhães mostrou dados importantes sobre o atual cenário da educação brasileira: “Nós somos um país de semi-analfabetos, onde 70% da população do Brasil não sabe ler, e 80% não sabe calcular uma percentagem. A média brasileira, na 4ª série, em língua portuguesa é de 2,2, e 80% das escolas públicas brasileiras não têm biblioteca. Aqui o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende”.


O presidente do ICE complementou dizendo que a degradação da educação acontece no país todo. “Temos que repensar a governança da rede educacional brasileira, o sistema de avaliação. A escola não gosta de avaliar. O nosso modelo pedagógico é defasado, foi rejeitado no mundo todo”, disse o palestrante. Marcos Magalhães falou, ainda, sobre a importância do engajamento do setor empresarial na área educacional: “Temos que fazer influir, transformando boas práticas em políticas públicas. Temos que atuar junto aos órgãos públicos para melhorar a educação. Afinal de contas, nós também somos prejudicados com essa falta de educação, o que é evidenciado na desqualificação de mão-de-obra”.


Concluindo a explanação, o empresário falou sobre as iniciativas e ações na área de educação que o ICE, junto com entidades empresariais e órgãos públicos, está desenvolvendo no Estado. O PROCENTRO (Programa dos Centros de Ensino Experimentais) é um exemplo dessas ações. O programa, que prioriza, sobretudo, o ensino médio, está sendo aplicado em 20 escolas de Pernambuco (a exemplo do Ginásio Pernambucano), do interior e Região Metropolitana do Recife, e segue um modelo de organização social, com um conselho gestor e um diretor. No PROCENTRO, os professores da rede são selecionados por uma avaliação e, se aprovados, recebem capacitação para começarem a ensinar. Os alunos também passam por uma seleção para fazer parte do Programa, que propicia aos beneficiados um período de tempo integral na escola, cursos profissionalizantes, e biblioteca e laboratórios funcionando. “Se você der condições para o jovem de aprender, ele responde. No Enem, os alunos do GP tiveram desempenho superior a média de todo o BR, e no vestibular, bons índices de aprovação”, concluiu Marcos Magalhães.

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