terça-feira, 25 de setembro de 2007

Seminário Inova discute a empregabilidade de jovens no Brasil

No primeiro dia do evento: A relação da educação e o desenvolvimento no Brasil.

Durante a manhã e a tarde de hoje, representantes de instituições de ensino, terceiro setor, empresas privadas e sociedade civil se reuniram em Boa Viagem, no Hotel Recife Palace, para discutir a questão da empregabilidade de jovens no Brasil. Neste primeiro dia do seminário - intitulado Inova: Educação e Tecnologia como propulsoras da economia: perspectivas, desafios e oportunidades para o desenvolvimento econômico - o tema central de discussão foi a importância da educação para o desenvolvimento do Brasil. A organização do evento convidou nomes de peso para ministrar palestras e compor mesas de discussão.

Gustavo Ioschpe, economista especialista em educação e consultor de projetos do Banco Mundial/PNUD para o MEC, foi quem deu o pontapé inicial no seminário falando sobre a educação como combustível para o desenvolvimento econômico e os desafios do cenário brasileiro. Durante a explanação, Gustavo revelou indicadores que evidenciaram a precariedade da educação no país, e disse que o problema é bem mais amplo, e que o sistema como um todo é defasado, começando pelo ensino fundamental. “Em plena Era do Conhecimento, enquanto existem países de sucesso massificando o seu ensino universitário, o Brasil populariza a ignorância: 74% da população brasileira não consegue entender um texto simples, apenas ¼ consegue entender o que está lendo”, revela Ioschpe.

O economista disse, ainda, que 32% das nossas crianças repetem a 1ª série do ensino fundamental, e o restante que é aprovado, muito provavelmente não recebeu uma educação de qualidade. Disse ainda que apenas 25% da população conseguiram se matricular no ensino superior. “Ao contrário do que muitos pensam, o problema não é a falta de recursos, não é o quantitativo, e sim o qualitativo”, complementa Gustavo. De acordo com Ioschpe, o Brasil gasta em torno de 4% a 5% do PIB em educação, taxa equivalente ao que outros países desenvolvidos investem na área. O que acontece é que o nosso investimento é mal feito. “Vai muito dinheiro para onde não deve ir, e pouco para onde realmente se deve”, disse o economista.

De acordo com Ioschpe, após 30 anos de discussão em torno do tema da educação, estudos e pesquisas revelam que países que conseguem aumentar o nível de escolaridade em um ano, geram crescimento econômico de 7% a 9%. O economista afirma que as soluções para o problema da educação no Brasil não são simples e que envolvem a participação de todos os setores da sociedade. A mudança pode começar com aspectos mais próximos como a importância da participação dos pais no processo. “Os pais têm que agir, incentivando os filhos, dando importância à educação em casa, acompanhando o processo educativo, exigindo melhorias das escolas. Os professores, por sua vez, devem ter um maior domínio sobre o conteúdo, passar dever de casa, aplicar uma quantidade maior de avaliações”, acrescentou Gustavo que propôs, ainda, a cobrança de uma taxa aos alunos ricos que estudam em universidades públicas, que serveria como recurso para a educação básica.

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